CANAL “Piero Leirner”: contra-efetuação da GUERRA HÍBRIDA:Caso Pazuello & além.
1) Não existe isso de Exército não é instituição de Governo. Exército, hoje e há algum tempo, é Governo.
2) A imprensa ainda não entendeu isso. Por que? a) 🌱 porque insistiu na ideia de que AGORA começou o risco de politização 🌱. ‼️Garanto que não foi nem agora nem que é só um risco ‼️b) 🌱porque ela espalha a versão de que é Bolsonaro que politiza as Forças Armadas 🌱, ‼️ e não elas que militarizam o Governo ‼️.
3) Sendo assim, há duas coisas a apontar: i) o que ocorreu mostra que 🔝acima de tudo 🔝 o Exército PRECISA sustentar a versão de que é Bolsonaro que está no comando, e que elas estão sendo constrangidas por ele. É vital para eles a manutenção da ideia de que o laranja que está no poder não seja identificado como tal. Estratégia da abordagem indireta; não vão arriscar isso por nada, mesmo que sua imagem fique arranhada por uns dias.
ii) por isso deve ter sido calculado, na avaliação dos generais, que valia a pena produzir uma bomba informacional de “choque e pavor” agora, uma vez que o ruído da campanha de Bolsonaro nos quartéis a partir de 2014 estava pondo em risco todo esse aparato cognitivo. Note-se que mesmo jornalistas experientes (e que estão nessa rede daqui) voltaram a dizer que o problema começou em 2018. Isso é a versão heavy, a light tá predominante na coisa de que tudo começou na semana passada.
4) Toda essa discussão tem prazo de validade com vencimento próximo. O papel de Bolsonaro é produzir focos de incêndio (a ideia de “incendiário” é minha, não do picareta do 247, ok?) justamente visando a não-resolução da contradição anterior. Isso é a essência do tal “OODA Loop” das estratégias militares em guerra de 4a geração. O assunto anterior morre na medida em que travamos em mais um absurdo que não por acaso tem um “timing” certo para aparecer.
5) a maior parte dos militares fecha com Bolsonaro e não abre, está em regime de dissonância cognitiva e vai selecionar toda a realidade para confirmar seu próprio modelo. Seu principal meio de comunicação e informação é o SISNIZAP, Sistema Nacional de Informações do Zazap. Os generais que manipulam tudo isso (a “Central”) sabem desse “problema” e já produzem em velocidade baixa o foco concorrente.
6) a “concorrência” parte justamente dos “generais dissidentes”. Como eu e
o Marcelo Pimentel, Jorge de Souza, o Heraldo Makrakis e o Romulus Maya cansamos de apontar desde 2019, Santos Cruz é parte dessa estratégia de “pinça”, a “válvula de escape”. Tudo no Exército é hierarquia, e assim esse movimento começa com generais para depois arrastar o resto, se for o caso. Se bobear, Mourão entra como “situação” e Santos Cruz como “oposição”. A não-punição de Pazuello reforça a ideia de que o Exército está fora de controle, e só um militar vai dar conta de normalizar a situação. Este pavor aumentará conforme Lula subir nas pesquisas. Os militares são o novo Mario Amato. Lembre-se que desde sempre o plano é esse: Bolsonaro toca o terror e os militares aparecem como freio e contrapeso. Agora eles expandiram isso para… os próprios militares! Ou seja, nada mais eficiente do que se resolver o problema que você mesmo criou…, especialmente se a maioria achar que o problema foi criado por um terceiro.
7) O único meio de produzir uma desacoplagem rápida e em massa vai ser enfiando a palavra-chave “corrupção” na testa do Presidente. Enquanto isso não aparecer é mais provável que continuemos nesse padrão “1 escândalo por semana”.
8) A imprensa está paralisada no mnemonismo da reeleição de Bolsonaro. Não vê sinais importantes:
-) que Bolsonaro não só não tem partido como saiu daquele que lhe daria capilaridade com prefeituras caso tivesse feito política básica em 2020;-
-) que Bolsonaro tinha o orçamento liberado para produzir um mega plano de ação que ia ser um “ponto de não retorno” na saúde, coisa que ia eleger ele e seus rebentos por 100 anos.
—) com o clima antipetista qualquer coisa que habitasse o Planalto ia dar certo; não dá de propósito, e mesmo assim é notável a resiliência dele, que só é possível por conta do fantasma de Lula. Por isso mesmo Lula é útil aos generais, uma vez que sustenta o laranjal que aparenta governar o País.–
–) sendo assim, o problema não é o que Bolsonaro pensa da reeleição, mas o que quem realmente governa pensa de 2022. E, assim, finalmente, voltamos de onde começamos. Suba ao item “1”.